domingo, 11 de março de 2012

Mainstream

Eu preciso escrever o que eu penso, se não vou pirar. Aliás, acho que já pirei. Eu não quero dizer o que eu penso em 140 caracteres no Twitter, eu não quero dizer o que eu penso compartilhando uma imagem no Facebook. Eu quero dizer um pouco do que eu penso em um texto - que provavelmente vai ficar meio grande -, porque eu realmente penso sobre isso. E eu quero compartilhar o que eu penso com quem quiser ler o que eu digo.
Não sei porque eu falei em pirar se quem eu mais vejo pirando aqui são vocês. Afinal, os mano e as mina pira, né? Todo mundo pira! E de todo mundo ficar pirado, o mundo está virado de cabeça pra baixo. Uma loucura. Sentimentos completamente banalizados, pessoas completamente vazias. Com essa rápida troca de informações que ocorrem nas redes sociais, as pessoas viraram tão descartáveis quanto as notícias que circulam na mídia. Aliás, tão descartáveis quanto um pedaço de papel higiênico que limpa as merdas que vocês falam no cu da internet. Sentimentos de amor - e até ódio - que duram o mesmo tempo que o gelo da minha vodka. Sim, porque é preciso eu me embriagar para ver se consigo viver nessa realidade insana que me cerca. A minha sobriedade já não basta para a sociedade. Eles querem que todo mundo pire. E daí que o álcool faz mal saúde, é proibido para menores de 18 anos, e já causou milhares de brigas e mortes no trânsito? É legalizado. É legal. E qualquer jovem consegue comprar a sua Kovak no boteco da esquina sem precisar dar satisfações a política ou a polícia por isso. Lógico que a proibição do álcool não vingou no século passado, como as pessoas seriam capazes de viver em um mundo de loucos em suas sãs consciências? Deus, dai-me paciência para lidar com tanta sapiência. E oh diabo, me vê uma dose de Whisky porque agora o clima ficou pesado. Aliás, me vê um cigarro também, pra ver se bebendo e tragando alguma coisa eu evito de abrir a boca e fazer minhas críticas. Porque hoje em dia é assim... se falam qualquer merdazinha na internet, se gravam qualquer videozinho de merda e põem na internet, viram ícone. Todos pira. Mas se alguém pensa, fala e escreve um texto sobre alguma questão social é ridicularizado pela maioria das pessoas. É visto como um chato, ou até mesmo como um pseudo-cult. E nesse momento eu estou em minha plena consciência para ter noção de que ninguém vai perder tempo lendo isso. Porque afinal, correto mesmo é ficar com o cu sentado na cadeira enquanto tweeta e compartilha um monte de inutilidades. E que pior, vão se espalhar mais rápido que um vírus. E quanto ao meu texto? Se alguém além da minha mãe lê-lo até o fim eu já vou me dar por satisfeita. Que pena, a minha mãe não usa internet.
Mas o que eu disse mesmo? Me dar por satisfeita? Me dar por satisfeita é o caralho! E foda-se se não lerem essa porra também! Mas satisfeita com esse país de merda, com essa sociedade de merda, com essa política de merda, com essa alienação do caralho eu não fico. E esperem um momento que acabou meu cigarro e eu preciso respirar.
Sabe, meu avô esteve internado há uns dias atrás. E essa história, infelizmente, não é ficção. Ele não tem plano de saúde e precisou do hospital público para lhe garantir a vida. Resultado? Um senhor de 83 anos sentado em uma cadeira na emergência do Hospital Geral de Bonsucesso porque não haviam camas, e nem médicos. Mais um Whisky, por favor, porque essa é difícil de engolir e desce queimando que nem a bebida.
Enquanto isso... Vejo um monte de jovens da minha idade - é, eu sou jovem, tenho apenas 19 anos - tweetando que sofrem de bipolaridade e compartilhando fotos de Humor no "face". Queridos, vocês não sofrem de bipolaridade. Bipolaridade é uma doença psicológica muito séria e precisa ser diagnosticada e tratada. E é por isso que eu volto para o começo do meu texto agora: até mesmo doenças vocês foram capazes de banalizar. Sinceramente? Meus parabéns, vocês merecem um prêmio por tanta babaquice e eterna falta do que falar em um único lugar. Enquanto o mundo lá fora está um Caos, vocês pensam que estão colocando Ordem em alguma coisa publicando essas porcarias de tirinhas de Memes. Vocês vão tomar em seus cus, seus merdas. Tô bêbada.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Pensamentos com nexo sem nexo = desconexo.

Foi estranho vir. E agora vai ser tão estranho ir. Porque não sei como a situação vai estar quando eu voltar, tanto aqui, quanto lá... Eu queria encontrar palavras pra expressar o que estou sentindo. Mas olhar pela janela e ver o vento balançando as folhas do cocoqueiro lá fora parece tão mais significativo do que se eu apenas tivesse escrito meus pensamentos agora. Entendem o que eu digo? Ou o que eu digo não expressa o suficiente a vocês o que sinto para que lhes toque a alma? Alegria, tristeza, dúvida, surpresa, medo, nostalgia... amor. Dor. Não sei o que estou sentido. Não sei nem se sinto algo. Estou tão cheia que chego a ficar vazia. Mas estou tão vazia que sinto que ainda falta algo. Paradoxal. Complexo e sem nexo. Mas quem disse que o que eu sinto pode ser expresso em palavras? Ah, as palavras... Sim, de fato elas são belas. Mas no fundo, no fundo, elas não deixam de ser meras palavras. Letras que juntas formam belas e feras frases. Frases de amor, de dor, de rima. Frase que fascina, alucina, anima e desanima. As palavras são mágicas. São eternas. Mesmo que sejam só palavras, meras palavras; mal faladas, mal pensadas, mal escritas e elaboradas. Mas palavras. Palavra que fala pela alma. Palavras e frases que formam músicas. Músicas como a que estou ouvindo agora. Porque as vezes no silêncio da noite eu fico imaginando... tanta coisa. Eu fico ali sonhando acordada, juntando o antes, o agora e o depois. Por que vocês me deixam tão solta? Por que vocês não colam em mim? Tô me sentindo muito sozinha! Um carinho as vezes cai bem... Eu tenho os meus desejos e planos secretos. Por que vocês me esquecem e somem? Quando a gente gosta, claro que a gente cuida. Ei, onde estão vocês agora? Tão bonitinho. Essa música é muito bonitinha. Só que é da boca pra fora. Ou vocês me enganam ou... sei lá.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Não resisti.

Já faz algum tempo, mas lembro perfeitamente daquele dia de sol quente em que comentei com um amigo próximo, pianista, que eu gostava muito de Los Hermanos. Sua resposta foi direta, dura, acertou em cheio minha face, quase me nocauteou: "Los Hermanos é banda de perdedor". A resposta teria me diminuído se eu realmente não tivesse certeza quão sensacional essa banda é, de fato. E, então, talvez eu tivesse percorrido novamente as músicas, as melodias, os encartes, a internet, procurando identificar onde eu errara, deixando-me enganar tolamente por quatro caras barbudos. Talvez cessasse minha singela admiração pelo grupo, minha identificação com as letras, as vozes, ora sofridas, ora agitadas dos intérpretes, as palavras que dizem algo, como há muito tempo nenhuma banda de rock nacional diz. Obviamente, argumentei que a banda é muito boa e procurei ouvir, já contrariado, as explicações daquele meu amigo enlouquecido. Disse ele que as letras eram tristes, obscuras, que a postura era deles era de perdedores, anti-inspiradora, ridícula. Derrotados... Por fim, limitou-se a cantarolar desgraçadamente "Anna Júlia", que eu havia me permitido esquecer há muito. Foi suficiente para perceber que ele não sabia do que falava e que, sem dúvida, não conhecia a maior banda deste país.

Certamente você, assim como meu amigo, não está muito acostumado a ver Los Hermanos na televisão, em programas como o do Gugu, da Luciana Gimenez ou da Ana Maria Braga (e eles tocam pouco nas rádios também). E não adianta procurar. Duvido que eles não recebam muitos convites dos produtores desses programas. Devem receber, mas não aceitam (ou aceitam pouquíssimos. Li até que a direção da MTV estaria chateada com a constante recusa da banda em participar dos programas da emissora). Você também não vê na televisão propaganda dos CDs e DVDs da banda. Aliás, eles nem têm DVD (nos deixando na espera, o que, finalmente, parece que chegará ao fim em breve), lançaram apenas o Luau MTV. Lembro de tê-los visto no Faustão e, lembro ainda, que eles tocaram "Anna Júlia" em respeito ao programa e os telespectadores, mas que aquela seria, segundo a banda, a derradeira execução.

Recordo, também, de tê-los visto, por vezes, na MTV, há tempos, inclusive na premiação da emissora no ano retrasado (2003, que, aliás, eles concorreram em quatro categorias, (bem) encabeçados pelo excelente "Cara Estranho". Em 2004 foram mais três indicações), festa em que Caetano Veloso "vestiu" uma barba longa e negra e característica do grupo, homenageando-os. Eles preferem apostar na qualidade e não em propaganda televisiva. Isso desde a época do Bloco do Eu Sozinho, de 2001, que representou a mudança de rumo na carreira da banda, rompendo duramente com o disco anterior (Los Hermanos, 1999) e que, segundo os próprios músicos reconhecem, esteve distante – e muito – das grandes mídias. Boicotado.

Essa espécie de antimarketing (um banda que não se mostra?), parece dar certo. Funcionou. Milhares de rapazes e senhoritas superlotam seus shows, compram seus discos e exibem, orgulhosos, camisetas da banda. Até Olavo de Carvalho já foi "acusado" de curtir um show da banda (o que, aliás, ele rebateu). No Orkut há varias dezenas de comunidades dedicadas ao grupo. Eu mesmo filiei-me a uma delas. A maior tem 19 mil adeptos, e crescendo. Outras, são de pessoas que odeiam a banda. E há, ainda, as de pessoas que odeiam quem odeia o Los Hermanos. O número de fãs parece crescer todos os dias, na base do boca a boca, sem um trabalho de divulgação digno da grande banda que eles são. Hoje, Los Hermanos já não é um grupo que apenas alguns poucos estudantes escutam. Meninas escrevem nos seus blogs sobre a banda, reproduzem músicas nos cadernos, entre um poema do Drummond e a foto do Gianecchini. Destacam frases melancólicas das músicas, resumindo suas personalidades (o about do Orkut) através delas. Querendo ser aquilo. Ou querendo aproveitar o antimarketing da banda. Afinal, Los Hermanos está na moda. Gostar deles implica, ao que me parece, em gozar de um certo status social, uma espécie de admiração alheia, como prova da intelectualidade de quem os escuta. Ou, pelo menos, prova de não imbecilidade musical, um mínimo de prestígio cultural presente.

Mas, então, quem são esses milhares de fãs da banda? E o que querem? Essa é uma ótima pergunta, sem dúvida. Obviamente, temos os aventureiros. E temos os preocupados em mais do que sons, carentes de conforto e identificação, buscando algum significado nas letras e, por que não?, na postura dos músicos. Possivelmente, eles não querem apenas se divertir – ou dançar – ouvindo "um som". Também querem poesia, querem testemunhos, querem um espelho, algo a escutar quando chega a noite veloz... E, talvez, queiram um ídolo. Um que não seja tatuado dos pés a cabeça e que seja inteligente, e um artista de verdade.

O repertório da banda contém um excessivo número de músicas que podem ser classificadas como, digamos, melancólicas. Tristes. Exemplos dessas músicas são "O Velho e o Moço", "Adeus Você", "Sentimental" (essa última, a expressão maior – e mais bela – da melancolia). Por que tanta gente tem se identificado com essas letras? "Ela é mais sentimental que eu! Então fica bem... se eu sofro um pouco mais". Deve haver muita gente descontente por aí. Há, ainda, um bom número de canções dedicadas a ausência da amada, ou suas variações: solidão, abandono, amor não correspondido, como, por exemplo, temos "Tá Bom", "A Flor", "Do Sétimo Andar", "Quem sabe" (a última é do primeiro CD). "Quem sabe o que é ter e perder alguém sente a dor que senti..." Entretanto, ao contrário do imediatamente nos ocorre, nem todas as músicas têm um andamento lento. Pelo contrário, mesmo as dolorosas são recheadas de acordes de guitarras e sensacional trabalho de metais. As letras parecem casar adequadamente com os arranjos. Certamente há uma preocupação sonora presente, e bem executada nas músicas. Há uma comunhão bem sucedida de harmonia e melodia.

As letras são bem elaboradas, sofisticadas até. Ainda que se proponham a discorrer sobre um tema comum, sei lá, o sofrimento de quem ama, as idéias parecem ser originais, não são similares as músicas desse tipo, há uma forte unicidade na banda. Há poesia, há dor e há tristeza, entretanto, elas são não gratuitas. São mensagens, são desabafos, são as verdades deles. Não temos um pedido explícito de aceitação. Se a identificação ocorre, ela é, certamente, espontânea. São tristezas, direi, bonitas, afinal, como diz aquele samba: "Tristeza feia o poeta não gosta..." E eles são, certamente, poetas. E sambistas, segundo muitas críticas que li sobre os barbudos. Os dois últimos discos provam isso. E faria, não fosse a confiança já conquistada, aguardarmos apreensivos pelo que virá no álbum seguinte, a ser gravado no início de 2005. Mas podemos dormir tranqüilos, sabendo que eles sabem o que fazem. Se vierem mudanças, porventura mudemos nós também. Como diz o site oficial da banda: "Um amigo sabiamente disse que um disco nada mais é do que uma fotografia de um determinado momento da carreira de uma banda. Na foto de Ventura, o que se vê é a mesma vontade que havia em nossos discos anteriores, de se fazer música de acordo com o que somos, mesmo que no momento seguinte sejamos uma outra coisa, mesmo que pareça fora de sintonia com nossos contemporâneos".

Na metade de dezembro de 2004, Los Hermanos encerraram a longa turnê (segundo o Correio Braziliense, até setembro de 2004 foram 120 shows) do álbum Ventura, sucessor do Bloco do Eu Sozinho. Foram tantos shows e dezenas de milhares de pessoas cantando, emocionadas, as músicas, deixando felizes os integrantes dos Los Hermanos, afinal, como diz o próprio site da banda, "...e isso para nós é ser popular de verdade, afetar as pessoas". Conseguiram.

Los Hermanos, a melhor banda de 2004, e, possivelmente, de 2005, 2006... Ah, e até meu amigo pianista enfim reconheceu o grande trabalho dessa banda.

Marcelo Maroldi.

O texto é antigo, mas acrescentando com minhas palavras: de 2004 a 2010, e nos próximos e mais próximos anos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Ne me quitte pas.

Eu tento não pensar, mas é a única coisa que não sai da minha cabeça nunca. É aquela frase clichê, mas verdadeira: Como posso tirar da minha cabeça alguém que não sai do meu coração? Parece uma frase dita por uma menina boba de dez anos de idade que está apaixonada por alguém da escola. Mas na semana seguinte essa mesma menina nem lembra mais desse alguém. A paixão é um sentimento passageiro, o amor não. E eu que já fui apaixonada umas boas vezes, sei diferenciar as coisas agora. Percebo que o que eu sentia por essas paixões irrelevantes não era absolutamente nada perto do que eu sinto hoje, e quando me dou conta as lágrimas já molham os meus olhos. Todos os dias eu procuro acordar conformada, mas quanto mais eu tento menos eu consigo me convencer. Tudo me lembra, tudo. Desde o objeto mais insignificante, até o cigarro. Me tornei fumante por um motivo que parece até uma desculpa, mas não é. O cigarro me traz a nostalgia só de olhar alguém tragando na rua, e por mais que ele detone os meus pulmões eu não consigo mais parar. Porque fumando eu sinto ele ao meu lado, e se eu fechar os meus olhos até consigo acreditar com uma falsa convicção de que na verdade aquele cheiro de nicotina vem dele, e não de mim. Fumar é prazerosamente deprimente. Me faz lembrar do melhor e pior sentimento do mundo... E se agora só o desagradável cheiro do cigarro queimando me faz voltar a isso, vou fumar para sempre. Sem culpa. Largo o cigarro no dia que tiver o amor. Isso se a nicotina não me aprisionar antes disso acontecer.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Minha solidão me dói.

Estou sentindo falta de conhecer pessoas interessantes. Posso contar nos dedos de uma única mão as pessoas realmente interessantes que conheci durante a minha vida. Quando eu saio e observo as pessoas que me cercam começo a me sentir cada vez mais só. As pessoas são vazias, iguais. Parecem não ter opinião própria, porque gostam do que os outros gostam. Me sinto uma pessoa deslocada diante de tantos "idiotas". Não gosto de quem se contenta com qualquer coisa. Não gosto da massa. Gosto das pessoas que se destacam por não pensarem como todo mundo. O comum não consegue me atrair e sei que por esse motivo sempre tive pouquíssimos amigos, na verdade quase nenhum. Colegas são vários. Mas colegas não são amigos e muito menos pessoas interessantes. Alguém com quem eu possa sentar e conversar sobre qualquer assunto. E não alguém que senta ao meu lado para falar do lugar que todos estão frequentando no momento, futebol, ou ainda quantas pessoas beijou na noite anterior... Como se eu realmente estivesse muito interessada nisso. Gosto de lugares que ninguém conheça. Esses lugares que só eu e meia dúzia de pessoas ouviram falar. Um lugar que eu possa ouvir uma música boa, em paz. Um lugar calmo e vazio. Nada muito lotado. Não gosto muito de pessoas e nem de lugares muito badalados. Também não gosto de futebol, mas até assisto uma vez ou outra. Não mata. E beijar uma pessoa só pra fazer número é tão... banal. Nunca vou conseguir ser assim. Não me preencheria. E o pior é ter que me submeter a essa convivência para fugir da minha própria solidão, que apesar de sutilmente agradável, as vezes acaba me sufocando mais do que deveria. Me sinto sozinha em um mundo onde todos parecem pensar e agir exatamente igual. Nem as pessoas me surpreendem mais.

domingo, 8 de novembro de 2009

Eu sei, me perdi... Mas eu só me acho em ti.

O vazio toma conta de mim, mais uma vez. Sabe qual é a pior parte de sentir isso? As pessoas acharem que podem vir com soluções estúpidas para resolver meus problemas. Elas acham que sabem a causa, acham que eu sou só uma pessoa deprimida por motivos fúteis. Alguém sabe o que é se sentir sozinha e perdida entre tantas outras pessoas, até mesmo entre pessoas que você gosta? Sentir o coração apertar ao ponto de parecer que vai explodir? Sentir um vazio profundo no fundo da alma? E saber que ninguém, nem mesmo a sua própria mãe que te deu e dá um amor incondicional pode ajudar isso a passar. Eu costumava me apoiar nela para resolver tudo, eu era criança, eram coisas bobas. Hoje eu sei que ela não pode fazer nada. O impressionante é que desde criança eu nunca tive com quem contar. Quando eu ficava triste me fazia de feliz durante o dia, a noite eu chorava sozinha no meu travesseiro. Ele era o único que secava as minhas lágrimas. Eu sou triste, eu sei. Não consigo ser como todo mundo que fica feliz com pouco. E não falo de dinheiro, bens materias... Eu quero amor. Sou tão egoísta que queria todo amor do mundo só para mim. Quero que me amem pelo o que eu sou. Todo mundo tem defeitos, eu não sou uma excessão. Será que alguém consegue amar os meus defeitos? Será que eu pedi muito da vida? Quando eu era criança queria uma família feliz, tipo essas de fotos de revistas. Não consegui. Aos quinze anos passei a querer encontrar que coisa era essa que faltava em mim... Seis bilhões de habitantes e tudo o que eu preciso está em um, apenas um deles. E eu sei quem é.

Dessa vez escrever não aliviou minha tristeza, não resolveu nada.

sábado, 31 de outubro de 2009

Eu hoje vou pro lado de lá.

Escrever sempre aliviou minhas tristezas, e até hoje eu não sei porque. Hoje é dia de mudança, de lugar. Pode ser um dia triste ou feliz dependendo de para onde você estiver indo... O meu é triste, mas isso não me surpreende mais. Eu sempre acabo lembrando do dia em que me mudei, para ficar. E agora vou lembrar do dia em que me mudei, para ir. Lembro de tudo que eu vivi dentro daquele lugar. Agora sim posso usar a palavra nostalgia corretamente. Quando vim para de onde hoje estou saindo, chorei. Eu era criança e pensava que não fosse conseguir viver sem o lugar de onde eu saí. Sem o silêncio do bairro, sem a árvore que tinha em frente a minha janela, e especialmente, sem a minha vizinha. A única amiga sincera que eu já tive em um prédio. Nunca morei em uma casa, e hoje estou indo morar em uma. A casa da minha avó, minha segunda mãe. E apesar disso, não queria ter que precisar ir pra lá. Aqui não é um bairro silencioso, pelo contrário. Na hora do rush devem ter pelo menos uns quinze carros buzinando. Juntos. Não tem uma árvore em frente a minha janela ao ponto dos galhos invadirem o apartamento as vezes. Na verdade não tem nada em frente além dos fios elétricos que ligam um poste ao outro. E a minha vizinha... Ah, ela era muito chata. Nunca pensei que pudesse vir a sentir falta disso. Hoje eu choro por ir embora daqui, e não sei por quanto tempo a sensação que eu estou sentindo agora vai morar em mim. Mudanças podem ser positivas ou negativas. Essa é imprevisível.

Pronto, já me sinto um pouco, mas muito pouco aliviada. Estou esperando o caminhão, que junto dos móveis vai levar as minhas lembranças, pra sempre.